Cripto cresce no futebol global, mas Brasil foca nas apostas
As criptomoedas estão tomando conta do futebol mundial, especialmente na forma como marcas aparecem nos uniformes dos clubes. Isso é o que mostra um estudo recente da agência Sportquake. Para a temporada 2024/2025, essas empresas destinaram impressionantes US$ 243 milhões para estampar suas marcas nas camisas de grandes equipes, representando 43% do total de US$ 565 milhões investidos pelo setor em patrocínios esportivos globalmente.
Esse investimento no futebol cresceu 64% em relação à temporada passada, evidenciando uma forte expansão do marketing cripto no esporte. O futebol, em especial, foi responsável por 59% dos novos contratos de patrocínio firmados por empresas de criptoativos nesse período. O que impressiona ainda mais é que, desse total investido, 37% foi direcionado para exposições em uniformes, um número que supera a média de outras indústrias.
Falando de parcerias, a Gate.io e a Bitpanda conseguiram fechar acordos com clubes como a Internazionale de Milão e o Paris Saint-Germain. Já a Kraken adotou uma abordagem mais agressiva e se associou a três dos maiores clubes da Europa: Atlético de Madri, Tottenham Hotspur e RB Leipzig. O diretor de Marketing da Kraken, Mayur Gupta, ressaltou que mais de 75% do público-alvo da empresa na Europa é formado por torcedores. Ele comenta que o objetivo é conectar o mundo do futebol com o das criptomoedas, criando experiências que realmente impactem os torcedores.
Essas empresas estão utilizando o futebol não apenas para alcançar os fãs dos clubes, mas também para expandir seu alcance global, aumentar a visibilidade da marca e conquistar novos usuários. A maior parte dos investimentos está concentrada em ligas e clubes europeus, que absorvem cerca de 76% dos aportes. Por outro lado, apenas 6% vai para outras ligas ao redor do mundo.
Patrocínios no Brasil são dominados por bets
Aqui no Brasil, a situação é um pouco diferente. Embora existam algumas parcerias, como a do Corinthians com o Mercado Bitcoin, do Santos com a Binance e do São Paulo com a Bitso, as empresas de criptomoedas ainda não têm grande destaque no futebol nacional. Em contrapartida, as empresas de apostas esportivas, ou “bets”, dominam o cenário. Um levantamento mostrou que 18 dos 20 clubes da série A do Campeonato Brasileiro têm as bets como patrocinador master.
Quando olhamos para outras ligas, como as da Alemanha, Espanha ou EUA, percebemos que nenhum clube exibe marcas de apostas em seus uniformes. A Inglaterra se aproxima do Brasil nesse aspecto, com 11 clubes apresentando bets como patrocinadores, mas, a partir de 2026, essas marcas serão proibidas nos uniformes ingleses, assim como já acontece em outros países.
Um fator interessante é que a base de usuários de aplicativos de apostas é quatro vezes maior do que a de investidores em criptomoedas, segundo dados da Anbima. Isso significa que as bets têm um público-alvo consideravelmente mais extenso. Um exemplo claro é o recente acordo do Flamengo com a Betano, que trará mais de R$ 250 milhões por ano ao clube, superando o contrato anterior com outra empresa do setor e se tornando o maior da história do marketing esportivo brasileiro.
Além disso, no mercado de criptomoedas, a Tether, a líder na emissão de stablecoins, adquiriu 10% da Juventus de Turim, uma das equipes mais tradicionais da Itália.